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Uma playlist deprê

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Como sempre digo, músicas nunca são um exagero, afinal, apreciamos e precisamos delas quase que cotidianamente, mesmo que só para relaxar, para conseguir se concentrar ou até mesmo para escrever. Agora, por exemplo, estou com meus fones cantarolando alguma coisa que ainda não prestei atenção, mas que automaticamente sei a letra de cor. O grupo Blogs Up lançou um tema musical durante esse mês, ele consiste em montarmos uma playlist um tanto depressiva que descrevem realmente algumas situações mais emocionais.
Admito que relutei bastante sobre fazer esse post, principalmente porque tenho costume de construir textos mais positivos e alto astral, ou seja, é algo completamente contraditório, mas então parei para pensar e conclui que ninguém é de ferro, é claro que temos dias ruins, temos dias mais depressivos, temos dias que queremos sumir ou simplesmente se meter debaixo das cobertas e fingir que não existimos. Ninguém consegue ser positivo o tempo inteiro. Então peguei minhas músicas sentimentais e vim compartilhá-las aqui no blog.









Essas músicas não servem somente para os dias ruins, mas também para aquelas horas de calmaria, que você quer se sentar perto da janela e apenas ficar observando a vida passar por um tempo, ou então em uma viagem, quando se está quieto e a sós com seus próprios pensamentos. Elas servem para qualquer momento, e até mesmo para nos descrever quando necessário. Não sou uma pessoa pra baixo, mas gosto bastante de ficar quieta e deixar a melodia me levar. Sei que não sou a única.

Fica um pouco mais, meu bem

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Deita aqui do meu lado como quem não quer nada, como quem busca um aconchego no colo de outra pessoa sem pretensão. Finge por um segundo que o mundo lá fora parou, que as filas estão quilométricas e que nem mesmo seu chefe irá chegar a tempo no trabalho. Se enrola na coberta novamente comigo, como quem está curtindo um feriado prolongado e se recusa a voltar para realidade melancólica. Fecha os olhos quando uma estrela cadente passar, e deseja, com todas as forças que lhe cabem, algo extremamente bom para nós dois.
Apesar da correria, da falta de tempo e das reuniões marcadas. Apesar dos motivos nobres, dos momentos opostos e das opiniões sobrepostas. Apesar das brigas, das discussões fora de hora e das caras fechadas. Apesar dos signos, da astrologia e das estrelas. Apesar dos apesares, ainda temos muito tesão envolvido em noites que ainda nos esperam. Ainda temos muitos jantares que acabarão em briga de comida, com ambos sujos e melecados de molho de macarrão. Ainda temos muitos piqueniques não marcados com aquela toalha xadrez vermelha que você detesta ver por cima da mesa. Ainda temos muitos filmes que não serão vistos porque estaremos ocupados de mais matando a saudade de um dia cheio.

Não posso lhe jurar um amor eterno, isso só o tempo pode nos permitir além de nós mesmos, mas posso lhe oferecer um amor presente, desses que permanecem depois de uma briga boba ou que nos tiram qualquer orgulho ferido. Desses que você não sabe o que pode acontecer amanhã, mas que confia que alguém sente sua falta entre um milhão de outros corações. Desses que se sente um frio enorme na barriga quando se imagina pulando de um penhasco, mas que tem a certeza que alguém estará lá em baixo com os paramédicos, ou quem sabe com muitos travesseiros. Desses que não tira férias e muito menos as desgasta. Desses que não fecha a porta e as janelas, mas que talvez abra muitas outras fechaduras. Um amor desses transparentes que, se você pega na mão da outra pessoa, consegue-se até mesmo sentir o que passa em sua mente. Na verdade, não é necessário nenhum tipo de magia negra para entender e compreender isso.

Mas, meu bem, fica mais um pouco. De todas as pessoas e de todas as coisas que ainda me cercam, você sempre é uma das primeiras que me vem na cabeça logo cedo pela manhã. E não digo que é minha alma gêmea, minha metade da laranja, tampa da panela. Nada disso se encaixa porque são denominações fracas e com clichês transbordando. Não há nada de comum aqui e você sabe disso. Não há nada de normal e muito menos de monótono. Seria quase equilibrado se não fossem nossas anormalidades comuns. Ironias a parte, pensa com carinho na proposta e vem de mansinho, se ajeita confortavelmente ao meu redor e então imaginamos que não há nada tão ruim no mundo que possa acabar com esse bom humor.

Me avisa caso eu precise arrumar a casa, a vida ou a alma, afinal, todas precisam desesperadamente estarem ligadas à sua real intenção. Ou faça uma surpresa, seja inesperadamente aquele ponto positivo que encontramos por um dia inteiro. Ou não seja nada. Ainda não tenho uma bola de cristal e muito menos uma mente que consiga ler a sua, por acaso preciso saber de toda verdade, apesar de já ter um esboço de tudo que sei. Seus olhos tristes de quem quer alguns minutos a mais é um reforço daquilo que imagino para nós. Há um nós, não há? Eu sei que sim, então fica um pouco mais, está chovendo lá fora.

[642 coisas] Parque de diversões

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Era uma sexta feira fria e aconchegante para um dia inteiro enrolado nas cobertas, um bom brigadeiro de panela por perto e alguns filmes de comédia romântica para fechar a semana com menos guerra. Eu queria desesperadamente ficar quieta, recusei o convite dos amigos para ir naquela festa tão esperada, da família para fazer uma visita formal, dos colegas de faculdade para ir no bar da esquina. Precisava da minha própria companhia, e apenas dela, sem cobranças, sem álcool, sem micos no meio da rua. Só que a casa estava tão gelada quanto minhas mãos. Peguei um casaco mais grosso e as chaves do carro. Enfrentei um pequeno congestionamento de carros e cheguei em menos de meia hora no parque de diversões que havia aberto dia desses. Não havia muita gente. As luzes me seduziam.
Haviam inúmeras barracas enfileiradas formando uma grandiosa entrada principal. Os bichinhos de pelúcia pendurados do lado de fora eram um leve sinal de que poucos tentaram acertar o alvo no jogo. As camisetas engraçadas em cabides que enfeitavam aquela lona surrada davam a entender que as pessoas não acham mais graça em qualquer coisa. Mas admito, as frases eram hilárias, ou talvez eu precise crescer um pouco mais, ou talvez os outros precisem de um pouco mais de inocência na vida. Me arrisquei a comprar uma que não parecesse tão idiota. Acenei para a moça que me atendeu e fui tentar a sorte na roda gigante, quem sabe lá em cima pudesse ficar melhor com meus pensamentos.

O aroma de pipoca doce misturado com o cheiro de balão enchido com gás hélio era extremamente familiar. Palhaços usando pernas de pau passam por mim como se eu fosse uma mísera formiga. Eles olhavam para trás e abriam um belo sorriso de ponta a ponta, desses impossíveis de resistir à não sorrir de volta. Um deles carregava um balão colorido, na esperança de encontrar uma criança pequena para entregá-la, mas não havia nenhuma, o parque estava praticamente vazio. Ele passou por mim e se inclinou para me observar melhor, "você gosta de balões?". Entrei em uma das cabines da roda gigante com uma grande bola colorida presa por um cordão nas mãos.

Parada lá no alto, pude observar a cidade ao redor. Uma fila quilométrica de carros na rodovia principal, crianças brincando no meio da rua, um atlântico repleto de embarcações pequenas, casais caminhando de mãos dadas, cafeterias lotadas, pessoas apressadas. Suspirei e soltei o balão das minhas mãos, o vi velejar o céu como se não existisse nada no mundo que pudesse pará-lo e, por um momento, tentei me imaginar sendo aquele plástico de gás. Fechei os olhos e me senti livre. Livre para andar por aí sem que nada pudesse me tirar do chão. Fui interrompida pela cabine descendo e, apesar de não ter tido muito tempo para a solidão, estava melhor.

Havia jurado de dedinho que não compraria nenhum doce, mas não poderia voltar para casa sem meu algodão rosado, mas então abri o armário e me dei conta de que não havia parque nenhum, palhaço nenhum e algodão doce nenhum. Por vezes, minha imaginação sempre foi muito mais atrativa do que a realidade, e ainda que insistam que estou redondamente enganada, mal sabem eles que eu sou um quadrado. O cheiro doce de pipoca melada com cobertura de caramelo e morango estava impregnado no meu moletom velho. Eu reconheceria esse perfume em qualquer lugar.

Os 7 textos que mais gostei de escrever

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Escrever sempre foi meu ponto forte para tudo. Quando preciso de uma válvula de escape, quando preciso desabafar, quando preciso mostrar aquilo que se passa na minha cabeça. Escrever sempre foi minha diversão preferida e, mesmo que às vezes as palavras se transformem em algo melancólico, é um pontinho de felicidade que compartilho com quem gosta de me ler. Vivo com uma folha em branco na bolsa, há quem não entenda o meu motivo de nunca levar um caderno para a faculdade, mas sempre fui de captar a mensagem melhor do que transcrevê-la, porém prefiro ficar com minhas partituras de tipografias e crônicas que só interessam a mim, elas fazem mais sentido do que as explicações do meu professor sobre a guerra no mundo. Escrever é minha via de mão dupla.
Vi no blog Letras na Gaveta, um post que a Mari fez separando os sete textos que ela mais gostou de escrever até hoje. Por isso fiz questão de explicar meu gosto pela escrita, e por isso vim acatar a ideia dela. Andei relendo alguns textos antigos meus e, ironicamente, sinto como se estivesse na mesma situação de um ano atrás. Isso me deixou sem chão por alguns instantes, mas penso que tudo tem uma razão. Sendo assim, trouxe os meus sete escritos preferidos que, por acaso, dizem muito sobre mim.
"É necessário quebrar um pouco a cara, é necessário ser trouxa, é necessário acreditar em coisas que a gente não deveria. Também é essencial dar errado algumas vezes antes de dar certo, é essencial conhecer pessoas que não têm nada a ver com você, e é essencial aprender com cada topada. Eu não sei se aprendi tudo que deveria com os meus erros, também não sei se na próxima eu vou fazer as coisas andarem, não sei se vou ser menos ou mais ciumenta, não sei se meu futuro "boy magia" vai ter orgulho de mim e nem nada dessas coisas, mas eu posso falar com convicção de que aprendi muito, e errando."
Erros no amor geram aprendizados: um dos primeiros textos que escrevi, em uma época não tão boa, mas que me serviu muito como impulso para ir adiante. Me ajudou a enxergar as coisas com mais clareza, mesmo aquelas que não estava com cabeça para conseguir entender.
"Só agora tive coragem para transformar minhas noites mal dormidas em frases complexas. Só agora eu consegui cair na realidade. Parece algo surreal, algo que não tem um contexto óbvio. Recebi um banho de água fria. Dizem que não damos valor enquanto temos, e talvez isso seja uma verdade universal em algum momento da vida de todo mundo, mas talvez também seja somente um tipo de defesa. Eu nunca vou entender completamente o sentido dessas coisas, mas hoje posso dizer com convicção, de que tenho saudade."
Isso é sobre saudade, eu acho: rascunhei esse texto assim que perdi minha avó, e relutei por não publicá-lo justamente por ser tão pessoal, mas não consegui não compartilhar com alguém. E não é somente sobre a morte, mas também sobre sentir saudade, sentir falta de alguém. É um dos meus preferidos da lista, e dos mais íntimos também.
"Não me arrependo dos sentimentos prescritos em papéis coloridos que mais pareciam cartas. Não me arrependo do fogo as queimando enquanto me virava para começar um novo caminho. A única coisa da qual pesa meu consciente, são as coisas das quais nunca fiz. São as coisas que um dia me rendi a observar e a contar a quantidade de dias que talvez fosse precisar para atendê-las. Coisas que já passaram, que já se foram, que fazem falta."
Eu não me arrependo: apesar de ser um texto do projeto de 642 Coisas, ele resume exatamente tudo que sinto com relação as nossas escolhas e decisões. Me descreve por inteiro quando digo que a vida é muito curta para ter medo de arriscar.
"Me despeço de uma maneira leve, igual os pingos de chuva que resolveram bater na janela ao meu lado. Me despeço para valer, e que assim seja eterno. Dizem que quando nos livramos daquilo que nos puxa para trás, tudo torna a ir para frente. Talvez não era para ser, e nem nunca deveria ter sido, porque hoje eu estou lá na frente, e sei que nada nem ninguém pode me puxar de volta. Me despeço com formalidade, sabendo que estás melhor do que sempre, e que eu também chegarei lá."
Seria uma despedida, talvez: sabe quando você escreve algo e simplesmente consegue transferir todo o peso do mundo para aquele rascunho? Pela primeira vez eu havia conseguido me despedir de vez de um passado que não me acrescentou nada.
"É claro que me parece contraditório escrever uma carta para mim mesmo sabendo que nunca ouvi meus próprios conselhos, mas é que eu ainda tenho um tantinho de esperança que essa sua cabeça dura lhe deixe segui-los um dia. E que por acaso essa teimosia constante também dê uma trégua, porém, penso que isso já é um pouco mais complicado. O Cara lá de cima resolveu fazer jus à astrologia."
Uma carta para mim mesmo: não gosto desse texto somente pela forma como está exposta, mas pelo sentimento que há por trás e por verdades implícitas que há no meio. É um dos meus preferidos, que por acaso também é muito pessoal.
"Para aqueles que nunca comeram churros, já aviso de antemão que é viciante. Para os que nunca escreveram, digo o quanto é agradável saber lidar com os sentimentos. Para os que nunca coloriram, digo que a vida em preto e branco também é bonita. Para aqueles que sempre esperam o dia de amanhã, lamento informar que talvez ele não exista. Aos que dizem sim e não quando querem dizer, os agradeço por não criarem um mar de expectativas falsas. Para aqueles que nunca admiraram a lua, afirmo que é a estrela mais brilhante e magnífica do espaço, mesmo ela não sendo uma estrela. Para os que nunca perderam a noção do tempo com alguém, os digo que vale a pena."
Uma dose de coisas boas, por favor: meu amor de todos os outros já escritos. Eu estava em uma fase extremamente boa e feliz, apesar de tudo, e precisava compartilhar essa felicidade, precisava que as outras pessoas sentissem comigo.
"Deita aqui do meu lado como quem não quer nada, como quem busca um aconchego no colo de outra pessoa sem pretensão. Finge por um segundo que o mundo lá fora parou, que as filas estão quilométricas e que nem mesmo seu chefe irá chegar a tempo no trabalho. Se enrola na coberta novamente comigo, como quem está curtindo um feriado prolongado e se recusa a voltar para realidade melancólica. Fecha os olhos quando uma estrela cadente passar, e deseja, com todas as forças que lhe cabem, algo extremamente bom para nós dois."
Fica um pouco mais, meu bem: foi meu penúltimo texto, que por coincidência significa muito para mim, penso que faz uma discrição de tudo que tenho sentido nos últimos meses. Foi outro que coloquei sentimentos em excesso e tenho muito orgulho de como ficou. É meu xodó.

Fotografias transformadas em hipnose

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Vez ou outra venho compartilhar por aqui alguma série fotográfica inspiradora, pois gosto de apreciar essas obras fantásticas e pegar como inspiração para ter um pouco mais de criatividade com a realidade. Por esses dias, pesquisando algum novo fotógrafo, encontrei um artista cego que faz um trabalho incrível, e extremamente incômodo quando visto por muito tempo pela primeira vez. O responsável pelos gifs alucinantes é George Redhawk, que possui um portfólio repleto de fotografias e artes digitais transformadas em imagens hipnotizantes.
Segundo ele, o nome do conjunto dessas fotografias se chama The World Through My Eyes, que significa "O Mundo Através dos Meus Olhos". Todo o trabalho é feito por meio de um programa criado para deficientes visuais, que pode ser utilizado e manipulado com habilidade. Confesso que assim que parei para analisar os gifs, me senti com um desconforto enorme, a ponto de ter de sair da frente da tela do computador para poder organizar meus pensamentos. Só que minha teimosia é imensa e não consegui passar batido, tinha de me esforçar para entender cada uma das imagens. Na segunda tentativa, consegui ver um mundo simplesmente alucinante em cada movimento contido.
O maior desejo do artista é poder compartilhar com as outras pessoas o que ele vê através da sua visão danificada. Pode parecer estranho para quem olha de fora, mas penso e acredito que para ele deve ser um desafio enorme. Todas as imagens são perfeitamente alinhadas, entrando em diversas temáticas e texturas que fazem qualquer um ficar vidrado. É meramente impossível não parar por um minuto para olhar com cuidado e se perder nas entrelinhas de cada looping. Só tenho a dizer o quão genial e extraordinário esse cara é, e no quanto ele me fez pensar sobre tudo aquilo que vejo constantemente. É algo assustadoramente maravilhoso.

Livros que me mudaram

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Casualmente tenho inúmeros livros que me inspiram. Livros esses que, quando termino a leitura, me sinto confortavelmente mais leve e transbordando. Poucos são os que entendem quando lhes digo que determinado livro mudou minha vida, ou minha forma de enxergar as coisas. "Ah, que besteira, é só uma história Kelly", dizem eles, mas estão errados, há muito mais do que uma história envolvida. Por pensar assim, optei por participar da blogagem coletiva desse mês do grupo Blogs que Interagem, para tentar mostrar e compartilhar com quem quer que seja, que existe sim muita coisa por trás de personagens e cenários fantasiados. A ideia é listar aqueles títulos que mudaram algo em mim, independente de que maneira tenha sido.
Não Se Apega, Não. Eu comprei esse livro da Isabela em uma fase bem melancólica da minha vida. Não conseguia enxergar mais as coisas boas ao meu redor, estava decaindo bastante, mas assim que comecei a lê-lo, tudo e qualquer sentimento ruim foi ficando para trás. Por incrível que pareça e por mais estranho que seja, uma obra sobre o desapego me fez abrir o coração, literalmente. Eu pensava que tudo tinha perdido um pouco a graça e então me dei conta de que não, não era bem assim. Não tenho palavras exatas que possam descrever o quanto ele me fez mudar, ou o quanto ele abriu meu olhos para as inúmeras peças do destino, se é que isso realmente tem algum sentido. É como se estivessem recolorindo o mundo, o que soa meio bobo, mas foi o que senti.
"A vida acontece todos os dias, independentemente do que você deseje ou queira. Mesmo que você se feche para o mundo, ela ainda vai acontecer. O sol nascerá, a tarde cairá, o céu se cobrirá de estrelas e a lua se iluminará. E o que tiver de acontecer vai acontecer. Mesmo que você compre uma máquina do tempo e volte as vezes que julgar necessárias para consertar todas as burradas que fez no passado. Vai acontecer. Você sabe por quê? Porque precisamos de decepções para amadurecer. Sem elas, nada seríamos."
Cidades de Papel. Sempre admirei muito a forma como John Green consegue colocar em palavras tudo que seja possivelmente imaginável, mas nunca havia esperado que ele pudesse descrever um sentimento que conhecera. Tudo que está ao nosso redor é feito de papel, e só. Não compreendia perfeitamente o que isso queria dizer, mas quando li o livro e a personagem principal me descreveu por inteiro, senti quase um alívio de não estar enlouquecendo. Todos são vazios, ocos. A cidade, as pessoas, os carros e até mesmo os sentimentos. Mas se quer saber, também entendi que isso varia de um alguém para outro, e que pode mudar conforme você conhece possibilidades inteiras.
"Mas as coisas vão acontecendo. As pessoas se vão, ou deixam de nos amar, ou não nos entendem, ou nós não as entendemos, e nós perdemos, erramos, magoamos uns aos outros. E o navio começa a rachar em determinados lugares. E então, quando o navio racha, o final é inevitável, mas ainda há um momento entre o momento em que as rachaduras começam a se abrir e o momento em que nós rompemos por completo. E é nesse intervalo que conseguimos enxergar uns aos outros."
Extraordinário. Se tem um livro que relutei para ler foi esse, e fiquei emocionalmente abalada ao saber que demorei tanto tempo para entrar em um mundo tão bom. Uma criança que sofre bullying por uma doença rara que afeta todo o seu rosto, e ainda sim continua vendo as coisas boas ao redor, merece ser aplaudida de pé. Nós reclamamos de tantas coisas pequenas, fofocamos sobre tantas coisas fúteis, fragilizamos aqueles que mais têm forças. Extraordinário foi a forma como me senti depois de terminar de lê-lo, foi a leveza que comecei a carregar comigo depois de entender tanta inocência, foi o brilho nos olhos que comecei a ter por conta de uma história. E ainda se atrevem a me dizer que um livro não torna ninguém mais feliz.
"Deveríamos ser lembrados pelas coisas que fazemos. Elas importam mais do que tudo. Mais do que aquilo que dizemos ou do que nossa aparência. As coisas que fazemos sobrevivem a nós. São como os monumentos que as pessoas erguem em honra dos heróis depois que eles morrem. Só que, em vez de pedra, são feitas das lembranças que as pessoas têm de você. Por isso nossos feitos são nossos monumentos."
Um Dia. Eu não sei o motivo, o por que, o intuito ou a intenção, apenas compreendo que ele me fez enxergar mais longe, com mais clareza. É outro que me fez ser menos fechada, menos calada. Aprendi a me abrir mais, a falar sobre os sentimentos e o que vem com cada um deles de brinde. Aprendi a não deixar o tempo passar e a demonstrar aquilo que é importante. Nunca se sabe o dia de amanhã, quem sabe nem tenha um amanhã, quem sabe seu último dia é hoje, é agora, é daqui alguns minutos. Seria angustiante morrer sem ter falado tudo que precisava, sem ter me desfeito e feito com as palavras. Todo mundo busca uma única coisa em comum: a felicidade. É um livro que retrata tudo aquilo que já passamos ou que iremos passar um dia.
"Quando você conhece alguém que sabe exatamente como você se sente, conhece seu pior lado, sabe de todos os seus defeitos, esteve presente nos piores e melhores momentos, alguém que o ama sem pedir nada em troca e já não sabe mais onde começa a sua história e termina a dele, você não quer perdê-lo."
Se Eu Ficar. Demorei para me render ao livro, mas assim que o fiz, entendi o motivo pelo qual tantas pessoas gostaram e se emocionaram com a história. Ela realmente é linda e contém lições valiosas que poucos percebem. Dar valor ao que temos, dar valor à vida, aos momentos, às pessoas que nos cercam, ao amor. Apesar de ter ficado sem chão com o final e ter desabado em diversas partes, tanto do filme quanto do livro, ele me fez muito bem à alma. E não, não é dramático. É uma obra da qual me apaixonei instantaneamente, me fez rever muito do que eu me tornei e do que posso melhorar como um ser humano. Me fez dar um valor enorme para as coisas, e para as pessoas.
"Não é incrível como a vida é uma coisa e então, de repente, torna-se outra? Sabe quando você tem momentos incríveis na sua vida em que tudo está dando certo e você até sente um medo de, de repente, tudo mudar? Muitas vezes, o vento sopra contra a maré e a nossa vida, que parecia ser um sonho, vira de pernas para o ar e a gente pensa que não vai suportar. A verdade é que os momentos bons jamais existiriam e seriam bons se não fossem os ruins."

Uma carta à minha melhor amiga

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"Eu pensei em inúmeras formas de começar a escrever isso aqui. Pensei que iniciar com aquela expressão clichê em que lhe chamaria como se fosse uma querida amiga, só que não cabe a nós, não se encaixa. Pensei em optar por um apelido carinhoso desses que não são tão carinhosos assim, mas também não serviria. Convenhamos que as discórdias predominam na maioria das vezes, mas fico feliz em dizer que isso é só mais um dos motivos pelo qual ainda estamos aqui, perto uma da outra. É extremamente raro encontrar alguém que tenha a coragem de criticar você da cabeça aos pés, mas que tem uma força extraordinária para proteger e ser cúmplice da mesma forma. Soaria contraditório se não estivéssemos falando de duas pessoas completamente diferentes, com opiniões tão opostas quanto qualquer coisa imaginavelmente oposta, com gostos e preceitos que não batem em momento algum, mas que se limitam em dois mundos em comum.
Sabe quando você não possui um pingo de inspiração para escrever algo que possa traduzir tudo que sente? Eu poderia ficar escrevendo milhares de coisas, milhares de frases e paráfrases que se complementam, só que não existe nenhuma palavra politicamente correta que descreva em grau e exatidão aquilo que sentimos sobre uma amizade. Para os romances há o amor. Para uma família há confiança. Para a excitação há desejo. Para as dúvidas há interrogação. Mas para as amizades, eu não sei. Não encontrei uma única expressão que seja que pudesse ter o efeito que essas possuem em relação às suas especificações. Acredito mesmo é que seja uma junção de tudo que conhecemos. É uma relação que não vem de sangue, vem de alma.

Peço desculpas por não me recordar de quando tudo isso começou, não sou muito boa com números, talvez por isso seja de humanas, mas você está em um meio termo e se quiser brigar comigo depois, tudo bem, porém, revivendo mentalmente alguns momentos, penso que já são aproximadamente 10 anos de convivência, de puxões de orelha, de brigas e risadas em sintonia, de muito sarcasmo envolvido, muita ironia complexa que poucos entendem. Quase uma década. Quase metade da minha idade. Estamos velhas. Duas velhas ranzinzas que ainda não encontraram cabelos brancos, que mais parecem crianças pequenas sentadas assistindo um desenho animado com brigadeiro de panela no colo.

Espero de coração nunca ter de dizer um adeus, e muito menos um até logo. É como aquela frase: "Se você me pedir ajuda para esconder um cadáver, tudo certo, mas não esquece que eu sei esconder um cadáver". Parece uma ameaça né? E é, que fique claro, mas de um jeito bom. É estranho o quanto sabemos uma da outra e o quanto não sabemos nada. Há muitas coisas que não se compartilham, sei disso, mas acredito que poucas foram as vezes em que não estávamos juntas em uma situação peculiar, ou de mico extremo. Somos muito boas em pagar micos, deveríamos ganhar um diploma para isso, não acha? Torço para que ainda tenham muitos pela frente, só que menos constrangedores, ou que nos rendam boas gargalhadas.

Ainda gostaria de lhe agradecer por tantas coisas, só que seria muito monótono, muito bobo. Se você escolhe uma pessoa para ser sua amiga, você tem que arcar com as consequências de ter muitos instantes divididos, então apenas lhe agradeço pro ter me escolhido para andar junto nesse caminho meio incerto que é a vida. "Algumas vezes você encontra alguém que te faz rir até você não poder mais parar. Alguém que faz você acreditar que realmente tem algo bom no mundo. Alguém que te convence que lá tem uma porta destrancada só esperando você abri-la. Isso é uma amizade pra sempre". Essa frase é da Marilyn Monroe, mas acredito que uma amizade seja exatamente isso. Então um muito obrigado pela caminhada até aqui.

Feliz aniversário moça, quero bolo."

54 wallpapers para o seu celular

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Nunca fui muito de disponibilizar coisas, já que é algo tão corriqueiro e comum hoje em dia procurar no nosso amigo Google, onde encontramos os maios variados tipos de respostas das quais precisamos. Porém, quando troquei meu celular, me deparei com o dilema de que todos os wallpapers que utilizava no antigo eram pequenos de mais para utilizar atualmente, então fui em busca de fundos novos e divertidos, só que foi uma tremenda batalha. Nada do que me indicavam era do meu agrado, nenhum se encaixava no que realmente queria, alguns eram com uma qualidade péssima. Passei umas boas duas semanas torcendo para alguns caírem do céu na minha frente, até porque, sou extremamente chata com as minhas coisas, gosto de tudo bonitinho, organizado e personalizado ao meu gosto, portanto, vim compartilhar alguns que encontrei pelo meio do caminho, e que estão aqui guardadinhos comigo para quando enjoar de algum e precisar renovar. Há de tudo e mais um pouco.
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Todos foram escolhidos com o maior carinho e cuidado, e espero que sirvam de alguma forma para que vocês entrem nesse mundo de viver mudando as coisas sempre que possível. Tenho costume de trocar as coisas de lugar e de mexer na aparência de tudo que me convém e me cerca, e sei também que muitos gostam disso, então, apesar de ser um post pequenino e sem muita escrita, espero que seja útil e que utilizem muito por aí cada um deles, porque, convenhamos, um é mais amorzinho do que o outro. 

Daquilo que aprendi sobre a vida

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Passamos um tempão tentando entender os conceitos que a vida nos mostra, seja implicitamente ou explicitamente. A grande maioria nos faz aumentar a quantidade de perguntas acumuladas, transformando cada lição em problema resolvido, só que não para por aí. Assim que encontramos um jeito de entender tal conceito, a vida faz questão de jogar na nossa frente que não entendemos nada, que não somos complexos o suficiente para compreender coisa alguma. Por vezes me imagino sentando na calçada, e esperando que passe alguém que esteja no mesmo barco, então essa pessoa iria parar e perguntar em qual direção fica a esperança e me convidaria a ir com ela, buscar uma resposta.
Dentre meus dezenove anos, não posso dizer que vivi muitas coisas, sei que há muitas estórias mais bonitas para serem contadas por aí, mas aprendi uma lição que carrego comigo para onde quer que eu vá, e tento, de alguma forma, plantar isso em quem convive do meu lado também. Ter um pinguinho de felicidade guardada no peito, lá no fundo, onde ninguém pode tocar ou mexer, é algo tão necessário quanto ter um galão de oxigênio por perto. Sabe, todas essas coisas ruins, todas as quedas, as inúmeras coisas que nos fazem decair, elas estão ao nosso redor o tempo inteiro, 25 horas por dia e quem sabe até mais. Isso nos tira a simplicidade das coisas, a graça de enxergar um ponto positivo ou de conseguir se sentir com o coração mais quentinho.

Nós nunca vamos ter cem por cento de certeza de quando algo horripilante irá surgir. Pode ser de um dia para o outro, no instante seguinte, no minuto a mais. Nunca vamos ter um colchão extra macio no chão para fazer com que suportemos a dor, mas se você tem, por pouquinho que seja, um fluxo de felicidade extra para casos de emergência, tende a ver com mais clareza a luz no fim do túnel. Soa bobo e inocente, mas todo mundo precisa de um ponto de apoio, isso vai desde alguém próximo até coisas materiais que nos cercam. No meu caso, meu ponto de apoio é essa porção extra. Tente imaginar uma criança que caiu e estourou os joelhos brincando nas pedras. Agora imagine o que ela fará quando descobrir logo em seguida que ganhará um doce. Ela vai parar de chorar.

Não, o mundo não é uma fábrica de realizações de desejos. Pode até ser como uma grande fábrica, só que um pouco mais abandonada esteticamente falando, sombria, fria, um tanto escura e sem nenhum funcionário. São todos por conta própria. Ninguém liga muito para o que você sonha, se quiser compartilhar com alguém seu tão esperado desejo, compartilhe com as palavras. Outra coisa que aprendi e quebrei muito a cara para entender, é que quando algo está correndo conforme o combinado, precisamos ficar quietos. Não se grita a felicidade nos quatro cantos, e se o mundo é uma bola, é melhor nem sussurrar.

Precisamos ter um pouco de fé e ver o quão bonita é a simplicidade. Há muita ruindade, maldade. Somos pisados e esmagados a todo instante. Viramos pó e somos levados com o vento para uma estrada aleatória, então temos de refazer todo o caminho já feito, mas é aí que entra a parte boa. Poder recomeçar é para poucos. Você não fica feliz com um bom dia? Não se sente um pouco mais aquecido com um carinho inesperado? Não abre um sorriso de ponta a ponta quando alguém em especial lhe elogia? Não se sente mais seguro com um abraço apertado? Se não compreende nada disso, deveria rever um pouco mais do que esta fazendo com a vida. Deveria saber que já é hora de encarar que há problemas para todo lado, mas que cada um deles muitas vezes são irrelevantes quando não se está tão sozinho. E não se precisa nem da companhia de ninguém para isso, apenas de si mesmo e daquilo que acredita.

Particularmente falando, eu sou uma pessoa extremamente costurada. Sabe aquelas bonecas de pano que se rasgam e você tem de remendar aos poucos? É isso. Sou uma boneca de pano remendada. Posso não ter convivido com dores absurdas, mas cruzo os dedos na esperança de que eu nem as conheça de fato. Tenho um velho costume de pegar as dores dos outros, guardar para mim e tentar encontrar soluções cabíveis, mesmo que nunca as divida com ninguém. Isso me fez ser mais forte, mais de vidro e mais mole ao mesmo tempo. Eu aprendi muitas coisas, e apesar de tudo que escrevi até aqui, ter esperança é a que mais mexe com meu emocional. Esperar. Ter fé. Ter esperança de um dia melhor, uma vida melhor, um mundo melhor. Sentimentos melhores.
Esse texto faz parte do projeto Escrita Criativa, um grupo com o intuito de reunir pessoas que gostam de escrever e que admiram esse hábito, para participarem de projetos e iniciativas.

5 conselhos que eu daria a mim mesmo

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Seguir conselhos não é necessariamente algo que fazemos, principalmente vindo de nós mesmos. Temos o costume de dar milhares de opções para os problemas alheios, encontramos até fugas que ninguém mais consegue enxergar, mas e os nossos problemas? Bom, esses a gente vai deixando de lado, guardando no bolso e indo em frente, na certeza de que vai conseguir resolvê-los um dia. Nem sempre esse tão esperado dia chega, e então vai se acumulando até se transformar em rios de lágrimas. Faz parte, mas conseguimos um descanso até vir alguma outra complicação e nos deixar de ponta cabeça.
Uma coisa que comecei a compreender agora, é que muitas vezes devemos sim seguir nossos próprios conselhos. Esse que damos à um amigo que precisa de um ombro. Esse que damos à alguém que precisa de um desabafo. Esse à quem entregamos de mão beijada para aqueles que nem se importam muito com o que temos a dizer, só precisam de uma companhia na hora ruim. Se fôssemos juntar todos eles, teríamos uma vida muito mais fácil de se conciliar. Ressalto dizer que complicamos muito as coisas sem motivo, vemos o que não existe, não entendemos algo simples, insistimos em coisas que não são reais, ficamos bravos e chateados com situações que só existem na nossa cabeça. Tem horas que é bom sim deixar aquela voz que ecoa na sua mente de lado, e passar a focar mais no que sentimos e no que é de verdade. Pensando nisso, separei alguns conselhos que daria a mim mesmo, apesar de não escutá-los.

Não esperar nada de ninguém

Uma coisa que passei a levar como manual de instrução, é o fato de que quando somos explícitos com os sentimentos, corremos o risco de não ser recíproco. Machuca um pouco essa história de dar e não receber, mas se estou me doando, é porque quero, porque sinto aquilo. É preciso entender que não é necessário obrigatoriamente receber algo em troca, fazemos isso por nós mesmos. Não esperar nada é a melhor opção para a prevenção de muitas decepções e quedas desnecessárias. Costumamos apostar em tudo, mas apostas nem sempre são uma boa e nem sempre saímos ganhando, ainda prefiro deixar que o tempo me diga o que preciso saber.

Não colocar em um pedestal as coisas pequenas

Sempre fui muito apegada à coisas pequenas, atitudes minúsculas que se transformam em uma tempestade com vento e trovoadas. Alguém me fala algo e fico remoendo aquilo por um bom tempo, deixando me levar pelo que entendo ou pelo que acho sobre aquilo. Isso me faz estar sempre decepcionada ou chateada com comportamentos que não fazem sentido algum. Atualmente melhorei e muito quanto à isso, mas ainda preciso me atentar mais. Não é porque vi determinada coisa que aquilo realmente seja como estou pensando. Preciso confiar mais, acreditar mais naquilo que me dizem, na tentativa de ser mais transparente, de ser mais intensa com o que faço ou deixo de fazer. Assim como deixar de lado o que me incomoda. Nunca fui muito de dar importância para as coisas que me fazem mal, mas por vezes acabamos entrando na onda e damos com a cara no chão. 

Não me importar tanto com críticas

Se existe uma pessoa sensível ao extremo, essa pessoa sou eu. Quando o Cara lá de cima me criou deve ter colocado um bocado de sentimentalismo envolvido e mandado para cá na tentativa de transformar o drama em dias comuns. Tenho o hábito de me machucar por qualquer palavra mais áspera, principalmente quando vem de alguém que me importa muito. Tudo bem ser assim quando você vê que há valor emocional no meio, mas quando as críticas surgem de alguém que nem o conhece o suficiente para falar algo a respeito, nos resta aceitar e analisar. Essa pessoa está certa? Ela realmente te descreveu? Não? Então pronto. Eu sei o que sou e o que sinto, isso é o que vale.

Me divertir mais

Sou aquele tipo de indivíduo que passa boa parte dos dias em cima de obrigações e responsabilidades, não gosto de deixar nada para depois e muito menos ir levando em frente algo que está me puxando para trás. Gosto de tudo a seu tempo, sem pretensões ou cobranças. O problema, é que não resta tempo para curtir a vida. Fico tão concentrada em afazeres que me esqueço que tenho um caminho pela frente e preciso de histórias para contar para os meus filhos ou netos futuramente. Não que isso seja uma obrigação, mas é algo que realmente quero ter em meu repertório. Já imaginou? "Filho, nem te conto, eu fazia isso na sua idade". Parece um tesouro que temos que ter guardado.

Não perder o controle desnecessariamente

Há coisas que nós precisamos perder um pouco do controle, convenhamos, todos sabem disso, mas há situações que não é necessário esforço algum. Atitudes hipócritas que nos tiram do sério, pessoas que não sabem que existe a palavra "limite", casos particulares que nos fazem revirar os olhos. Tudo isso pode ser contido com uma boa risada. Que me perdoem aqueles que pensam que é uma atitude ridícula não levar a sério, mas por que será que eu vou perder o controle e gritar se posso simplesmente usar o sarcasmo ao meu favor? Existem coisas que naturalmente não merecem um pingo de atenção, só preciso entender isso de uma vez.

[642 coisas] Somos feitos de camadas

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Ainda que insistam que ando por aí usando máscaras, ou que resolvi construir um muro de pedras ao meu redor, mal sabem eles que naturalmente sou transparente. São raros os indivíduos que percebem minha teoria maluca sobre a existência humana. São raros os que entendem meus medos e receios, que observam a forma como enrolo o cabelo com a ponta dos dedos quando estou uma pilha de nervos, que reparam na maneira como afirmo com a cabeça quando seguro um choro, ou no instante em que olho para cima para não derrubar uma lágrima que não deveria estar caindo. Sou uma manteiga derretida, essa é a verdade. A indiferença para mim é a atitude mais cruel que alguém pode ter perante outra pessoa. O carinho evitado é o comportamento mais duvidoso. Sou repleta de camadas.
Não deveria estar falando sobre mim mesma, então vou transpor tudo isso para um personagem criado a partir do que consigo traduzir. Ainda que pareça estranho falar sobre uma garota de pele tão branca quanto a de um vampiro e cabelos escuros que não levam muito jeito, me rendo a dizer que ela é repleta de camadas. Como as de uma cebola, ou de um bolo, ou talvez até mesmo de uma barra de chocolate com caramelo. Você precisa ir descascando aos poucos até finalmente conseguir adentrar a parte interna e então saborear o conjunto completo. Há aqueles mais rudes, que fazem questão de arrancar tudo de uma vez só, e então se decepcionam por não compreenderem o real sentido. Há aqueles que preferem ir com calma, e então enxergam algo surpreendentemente diferente da fachada inicial.

Se esconder entre muros e plásticos bolhas não é necessariamente uma defesa, é uma prevenção. A tal garota costuma dar dois passos para frente e um para trás, sempre na tentativa de não se ferir com tanta facilidade, ou de não sair sangrando de uma briga que nem deveria existir. Primeiro a análise, a pesquisa de campo de um modo geral para entender quais os tijolinhos firmes em que ela pode permanecer. Depois vem a abertura, a parte em que vai se despindo aos poucos e deixando a alma mais clara e nua, mas qualquer vento mais forte é sinônimo para colocar a vestimenta novamente. Qualquer terremoto a faz regredir. Ainda me admiro em saber que existem pessoas que insistem, que tentam de novo, mas entendo que a grande maioria vai embora no primeiro obstáculo. Não os culpo.

Por mais que eu queira me colocar de fora, meus olhos enchem de lágrimas ao relacionar uma estação de trem com a minha vida. Por mais que queira falar sobre uma outra menina qualquer, tenho a certeza de que ela sou eu, e irá continuar sendo. Me desculpem pela melancolia, ultimamente ando me segurando para não desabar. Sabe quando você está com a sensação de que pode desmaiar a qualquer instante, e então se segura no que há mais próximo para não cair? Tenho feito muito disso. Tenho me segurado em qualquer faísca que apareça de algo bom, só que até mesmo as coisas boas andam me deixando no chão. E então desabo, sinto vontade de simplesmente sumir e fingir que não sou ninguém.

Sempre que deixo minha alma despida, vem alguém e me mostra que estou errada. Sempre que me cubro, aparece alguém e me diz que estou fria. Não sei o motivo, mas nunca consegui ser esse meio termo que tanto querem que eu seja. Sou um excesso e sei disso, mas também sou feita de inúmeras etapas. Ando torcendo de dedos cruzados para que alguém perceba cada ponto que deixo transparecer.  Na grande parte do tempo, digo coisas que são entendidas como outras, demonstro coisas que não são vistas e veem coisas que não existem. Nesse vai e vem de desentendimentos, me vejo em uma corda bamba, não fazendo a mínima ideia de onde está o erro. As vezes só espero que alguém me enxergue no meio disso.
Gostaria de avisar que estou em época de provas na faculdade, por isso a frequência de posts está um pouco menor durante essas duas semanas, mas espero que não fiquem chateados comigo. Prometo que na próxima semana já estará tudo bem novamente.

De malas por aí: Paris

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Já mencionei algumas vezes aqui pelo blog que não sou uma admiradora da capital francesa, talvez pela cultura ou pelas próprias pessoas que por lá vivem. Já ouvi tantos comentários negativos sobre falta de educação e estupidez, que perdi um pouco do encanto que tinha quando soube dela pela primeira vez. Acho que é aquela história de que a primeira impressão é a que fica, quem sabe eu mude de ideia um dia, quem sabe visite a cidade e perceba que todos estão errados em seus conceitos, mas de uma coisa tenho certeza: Paris é linda.
Sempre que a palavra "França" aparece no meio de uma conversa, me lembro daquelas músicas instrumentais que fazem parte da maioria dos filmes que contém o país como cenário. Fico cantarolando baixo como se estivesse observando todos aqueles monumentos bem estruturados em tempo real. Assim como a música, Paris logo me vem à cabeça também. É considerada a cidade mais populosa do país e uma das mais visitadas por turistas de todo o mundo. Seus parques, avenidas e museus fazem-na encantadoramente incrível. Além das belezas arquitetônicas, ela também chama atenção por sua cultura francesa crua e inigualável, representando um grande papel na história.
Há sempre uma divisão daqueles que gostam de observar as estrelas e dos que preferem observar o teto de um hotel. O Jardim de Luxemburgo é o maior parque público da cidade, pertencendo ao Palácio de Luxemburgo. O jardim é repleto com uma coleção de estatuetas e pequenos lagos que garantem a diversão das crianças. Geralmente os parisienses costumam passar por lá em seus momentos de folga, seja em dias de verão ou de inverno, na volta do trabalho ou durante passeios cotidianos. As pessoas costumam preparar seus lanches e levá-las em cestas, exatamente como nos filmes, no intuito de transformar o fim de tarde em um belo piquenique. Já a Praça da Concórdia é a maior praça da França, uma das mais famosas, e principal palco para acontecimentos históricos. Ali foram decapitados centenas de pessoas, e dentre elas encontram-se o rei e a rainha.
Entre os pontos turísticos, está também a Ponte Alexandre III que atravessa o rio Sena. Ela é considerada uma das pontes mais ornamentadas e extravagantes de Paris. Sua arquitetura é simplesmente encantadora, com detalhes nos postes de iluminação em formato de querubins, ninfas e cavalos alados. Passeando através de barcos, avista-se também o Canal Saint-Martin, propício para os dias mais tranquilos e ensolarados, onde se pode fazer uma caminhada. Árvores, praças e calçadões fazem parte de um todo. Nas proximidades encontra-se cafeterias e bares para o caso de querer degustar um café parisiense. Na entradas do túnel sobre o canal, há um lugar extremamente calmo para que você possa relaxar e apreciar os barcos navegando.
Aos mais interessados em arte, podem se sentir contentes com o Museu do Louvre, considerado um dos maiores e mais famosos museus do mundo. Lá dentro pode-se admirar relíquias como a Mona Lisa, Vênus de Milo e a Vitória de Samotrácia, obras impecáveis e muito reconhecidas, além de coleções egípcias. A entrada é paga, porém de grande importância. No coração do complexo está a Pirâmide do Louvre, construída de vidro e metal. O Museu de Orsay também é de visita obrigatória. Não é tão conhecido quanto o citado anteriormente, mas com tamanha bagagem cultural. Obras de Van Gogh e Monet estão guardadas no local, sendo que a maioria dos trabalhos expostos são de uma fase inovadora e criativa da história.
É claro que não posso deixar de citar a Torre Eiffel, o ícone mundial da França. A torre é o edifício mais alto da cidade e o monumento pago mais visitado do mundo. É possível subir até o topo, alguns preferem usar o elevador, outros já se optam por admirar sua beleza através das escadas, o que são nada mais nada menos do que 1.665 degraus. Há restaurante e atrações dentro do monumento que atraem ainda mais as visitas. Também não poderia deixar de fora o Arco do Triunfo, construído para homenagear as vitórias militares de Napoleão Bonaparte. Pode-se chegar ao topo com a ajuda de muitos degraus, assim como na torre, e a vista panorâmica que se tem das avenidas é uma das mais bonitas.
E para fechar com chave de ouro, lhes apresento a Catedral de Notre Dame, umas das mais antigas catedrais francesas em estilo gótico. Vitrais coloridos, arquitetura leve e o clima de misticismo é presente em toda a construção. O filme "O Corcunda de Notre Dame" foi baseado na catedral, dando um novo ar a arquitetura da época. E por falar em Disney, em Paris há possibilidade de se divertir no resort da Disneyland. A área compreende dois parques temáticos, alguns hotéis, complexos de compra, alimentação e entretenimento, além de um campo de golfe. O parque foi projetado para seguir o modelo estabelecido pelo Walt Disney World. Até porque, desenhos nunca são demais.

[642 coisas] Batom vermelho

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Parei em meio a rodovia. Era madrugada, não havia carros pela pista. Morar em meio ao nada tem lá suas vantagens, como a de poder sentar no meio da rua e apreciar a imensidão escura. Estava um tanto frio, meu casaco de lã, apesar de grosso, não estava fazendo muita diferença, meus dedos das mãos estavam congelando e o vento frio cortava minha pele, mal conseguia ficar com olhos abertos. Morar em meio ao nada também tem suas desvantagens. Me ajeitei desconfortavelmente no chão, entrelacei as pernas e coloquei minha caixa secreta no colo. Um tipo de baú que ganhei ainda quando era pequena, desses em que se guarda um milhão de lembranças. O abri e analisei algumas fotografias velhas. 
Aquela garotinha de sorriso zombeteiro e sem muito jeito para andar não se parecia nada comigo, tirando o batom escuro nos lábios. Era uma peça de teatro da escola, ainda me lembro exatamente da roupa em que estava vestida. Uma saia com o dobro do meu tamanho, saltos altos que caberiam mais alguns pés dentro, uma blusa florida da minha avó e um batom extremamente marcante que roubara da minha mãe. É engraçado como o tempo passa tão rápido, é como se ainda ontem eu estivesse em frente à alguns pais, dançando desajeitada com minha personagem da história e com uma felicidade enorme por não ter muito com o que me preocupar. Ainda a sinto aqui dentro, guardadinha. Não dentro da caixa, mas de mim, lá no fundo do peito. Sinto saudades.

Não mudou muita coisa desde então. Permaneço aquela menina boba e desajeitada que não leva muito equilíbrio para andar em um salto alto. Aquela que prendia os cabelos em um coque quando estava concentrada. Aquela que vivia resmungando quando algo dava errado mas que tinha certeza de que deveria dar certo. Aquela que queria ser escritora, astronauta, arquiteta e entre milhares de outras opções. Aquela que não tinha certeza de nada e que dizia o contrário com convicção e sinceridade. Talvez tenha perdido um pouco da inocência e da leveza de ser uma criança, penso que o mundo faz isso com a gente. Nos cobra crescer.

Guardei a foto. Percebi por ora que havia uma pequena poça ao meu lado. Me curvei um pouco e observei o reflexo que continha estampado na superfície da água. Olhos cansados, um coque bagunçado que prendia quase todo o cabelo. Observei uma olheira mais profunda e um leve arroxeado. A única coisa mais atraente seriam os lábios coloridos, com uma tonalidade mais escura, mais intensa, tal como um morango, que deveriam ser vistos ao longe num piscar de olhos. Há quem diga que é vulgar. Promíscuo. Confesso que nunca me importei muito com tais julgamentos e agora entendo o motivo. Faz parte do meu jeito, do meu pensamento, dos meus ideias. Meu batom colorido ainda irá me acompanhar por um longo espaço de tempo, tal como na fotografia e no reflexo na poça de água.

Começa a cair alguns pingos de chuva e me sinto empurrada para longe. Preciso ir para casa, me render a deixar as lembranças de lado por mais alguns anos. Amarro uma fitinha no dedo para não me esquecer de guardar mais algumas fotos, ou talvez papéis, cadernos, folhas de rascunho, folhas secas, cartas não respondidas e respostas às minhas cartas. Me despeço com gentileza daquela garotinha. A agradeço por ter me mostrado o que havia perdido na memória. Abro um sorriso bobo e dou uma última olhada para o horizonte. Peço para a lua que me olha, com todo carinho que convém, que não me tirem meu riso frouxo nunca mais.

Projeto 6 on 6: Hobbies

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Com o tema desse mês, o projeto fotográfico deveria ser fácil de lidar, mas convenhamos que nem tudo depende somente do nosso empenho, não é mesmo? Minhas provas resolveram cair justamente perto da postagem do projeto, o que resultou em uma correria absurda para não deixar passar nada em branco. Chegou em um momento em que eu estava estudando e imaginando que tipo de foto eu deveria fazer. Ao mesmo tempo. Mas já me acostumei a tirar alguns dias do mês para fazer as fotografias, então não consegui simplesmente abrir mão de algo que gosto e me sinto bem fazendo. Peço desculpas, portanto, antes de tudo, por talvez as fotos não estarem sendo das melhores.
Colocando "hobbies" como um tema, passa a ser uma questão extremamente pessoal. Assim que falaram nesse assunto já imaginei milhares de fotos que poderia fazer. Uma arrumação aqui, um cenário mais bonitinho ali e tudo ficaria conforme os padrões, só que não foi bem essa a linha que segui. Quando realmente parei para fazer as imagens, me dei conta de que meus hobbies são poucos e talvez até comuns de mais. Passei um tempão pensando o que significava essa palavra ou o que ela trazia em seu contexto, o que é estranho já que não estamos falando literariamente. Quebrei bastante a cabeça, mas foi um pouco mais fácil do que no mês passado, até porque é mais simples e requer um pouco menos de criatividade e inspiração.
Comida tem que ter no meio, principalmente se for chocolate, já sabem como eu sou formiga, certo? Meu principal hobby é comer doce, não há uma outra explicação melhor do que essa. Desenhar também está na lista, desde pequena tenho o costume de sair desenhando em qualquer papel que está na minha mão, até aqueles que ironicamente eu preciso entregar na faculdade, por exemplo. Já levei alguns puxões de orelha por conta disso. Melhorar minhas habilidades com a tipografia tem se tornado bem comum durante os meus dias, e confesso que até tenho curtido o resultado. Ler, escutar música e escrever não é nenhuma novidade, afinal, já comentei isso diversas vezes. De qualquer forma, espero que tenham gostado. Não esqueçam de olhar o das outras meninas: Love Is Colorful, Nanda Zanella, Fleur de Lune, Pump Color e Chuva de Jujubas.

Uma playlist para escrever

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Aos que escrevem, tenho certeza de que se identificarão um pouco com o que vou dizer agora. Quando me sinto inspirada para escrever, ou quando simplesmente estou bloqueada com as palavras, tenho o hábito de escolher algumas músicas, colocá-las no aleatório e deixá-las tocando ao fundo, com a esperança de que ajude a driblar a sensação de incapacidade ou que possa me levar para um cenário paralelo em que me veja criando um personagem, uma história ou até mesmo um mundo surreal. É estranho, mania de escritor talvez, mas faz bem, juro.
Apesar de ter um ciúme absurdo de algumas músicas que escuto, e que por ironia todo mundo conhece, me lembrei de que talvez esse minha playlist seja útil para quem gosta de rabiscar folhas em branco. Eu, que vivo procurando canções novas, sempre me deparo com algumas diferentes, que ainda não havia ouvido ou que poucos tomam conhecimento sobre, então optei por separar aquelas que me impulsionam mesmo, me jogam lá na frente quando mais preciso, e montei uma lista bonitinha para quem quiser tornar isso como um costume corriqueiro. É claro que elas se encaixam mais no meu gosto pessoal do que de modo geral, talvez muitas pessoas não gostem ou não se identifiquem, mas vale a tentativa.


Espero que tenham gostado e que se inspirem de alguma forma. É sempre bom atentar os pensamentos, organizá-los e fazer com que tudo esteja em ordem para ser transferido para o papel. As vezes demoramos um pouco para conseguir tocar em determinados assuntos, e é por isso que a música está aí, para ajudar a nos despregarmos desses medos bobos. Escrever é sempre uma boa ideia, principalmente quando misturamos com um tantinho de melodia.

Me amo assim, desse jeito mesmo

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Aceitação é uma palavra divergente, dessas que você entende por cima mas nunca consegue ter cem por cento de certeza do que realmente se trata. Alguns a consideram uma expressão para aquilo da qual relevamos, outros como uma fuga para o que tanto tememos. Eu só aprendi o real significado a partir do momento em que me olhei de cima a baixo no espelho e enxerguei exatamente o que queria. Não estava conforme os padrões, não tinha todos os ossos aparecendo como no corpo das modelos, haviam algumas gordurinhas extras ao lado da cintura e marcas arroxeadas em lugares que jamais imaginei que pudessem ficar coloridos.
Apesar das controvérsias, a aceitação é simplesmente o ato de aceitar. Cresci ouvindo críticas clichês de que não tinha um corpo escultural e muito menos uma cintura fina que formaria um violão. Mas eu não sou um instrumento, pensava, sou uma pessoa. Então passei a ignorar qualquer julgamento. Não possuía motivos concretos para ser uma escultura pronta, eu queria ser um ser humano, moldável e adaptável. Uma tela de pintura à dedo que somente o próprio artista consegue traduzir. Uma pintura abstrata que deveras poucos compreendem, mas que está exposta a quem quiser contemplar. Pode valer milhões àqueles que reconhecem a arte, ou pode não valer absolutamente nada àqueles que não a entendem. Um risco no meio do breu.

Houve um dia um tempo atrás, em que me olharam dos pés à cabeça, me despiram a alma e me deixaram transparecer ao mundo. Senti medo, vergonha, receio e ao mesmo tempo a sensação de que estava completamente só, apesar dos inúmeros olhares de desaprovação. A partir de então decidi por conta própria que deixaria passar esse desconforto e começar a olhar para mim mesmo por outros ângulos, assim, um pré julgamento deixa de fazer efeito e eu tenho a certeza do que realmente sou. Minha aparência condiz sim com todo o resto, e apesar da hipocrisia de que não reparamos o exterior íntimo de cada um, somos os primeiros a criticá-los quando mudam por si mesmos.

No momento em que entendemos que nosso corpo é uma tela em branco, passamos a moldá-lo conforme nossas prioridades. É uma representação daquilo que está por dentro. Somente quem parar com total leveza para apreciar, terá a certeza de que nada mais é do que a essência transbordando. Passamos então à ter uma relação de orgulho com o que nos tornamos. E é a verdade, eu me amo assim, desse jeito sem jeito, dessa forma torta que só eu sei, com esse monte de defeitos que tanto fazem questão de ressaltar, afinal, são eles que me fazem ser o que sou e diferente do que todos querem que eu seja. Essa complicação toda tem nome, sobrenome, endereço, pele branca e cabelos escuros. É uma junção de todos os julgamentos com toda vontade de mostrar que não sou o que pensam. Sou mais do que isso.

Há mais ou menos um ano e meio eu entendi. Entendi que amadureci mais do que imaginei, e que aquela menininha boba que tinha um medo enorme de sair com uma roupa mais justa ou com saltos de quinze centímetros, foi embora. Ela deu lugar à alguém que tem total segurança consigo mesma. Que aprendeu a se amar acima de tudo e de qualquer um. Que aprendeu que sua auto estima só depende de si. Que passou a dar mais importância para aquilo que vê no espelho e não gosta, do que aquilo que tanto dizem ser ruim. Ela deu lugar à uma pintura extraordinária. Há os que apreciam com moderação, os que não se interessam pelo artista e ainda aqueles que a jogariam no lixo, quem sabe para fazer algo melhor. Tanto faz, aprendi a me apreciar sozinha.
Com esse texto, venho apresentar mais um projeto da qual comecei a fazer parte durante essa semana. O "Me Amo Assim", é um grupo que optou por se reunir e contar suas desventuras sobre se aceitar como é, e se amar exatamente do jeito que se enxerga.

Ser criança é uma delícia

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Mas é que ter os joelhos ralados de uma queda do balanço é muito menos dolorosa do que um coração partido em milhões de pedacinhos. Apesar de repetir inúmeras vezes de que tenho a alma de quem assiste desenhos animados e acha muito mais interessante do que reality shows, é provável que isso dure para sempre, mas que meu corpo e minha aparência não acompanhem o mesmo raciocínio que tanto transparece. É estranho como em um dia estamos usando as roupas da mãe e elas ficam centenas de vezes maiores, e no outro simplesmente nos servem como se fossem nossas. Evoluímos, crescemos e amadurecemos de um forma extraordinariamente rápida. Acreditamos que a infância vai durar uma eternidade, mas a saudade dela tem um peso muito maior.
Quando pequena, torcia de dedo cruzado e olhos fechados para que pudesse ser uma adulta responsável, independente e repleta de afazeres que pareciam super importantes. Torcia para que essa fase passasse logo e eu pudesse me libertar. Hoje, com quase vinte anos de experiência e intimidade com a vida, senti uma pontada de saudade. Uma dor incômoda que me tira o ar e faz a garganta formar um nó bem apertado. Cerca de 10 anos atrás eu estaria aqui, nesse mesmo dia, ganhando uma parabenização por ser uma criança, recebendo a notícia de que poderia levar um brinquedo para o jardim de infância e declarando meu presente que demorei mais ou menos um mês para escolher. Eu chegaria em casa no final do dia e teria uma caixa me esperando, provavelmente com uma boneca ou um bichinho de pelúcia, que ironicamente seriam deixados de lado dali alguns dias.

Bate aquela nostalgia das manhãs tranquilas afundada em um sofá fofo em frente à televisão com meus desenhos animados preferidos. Desenhos esses em que eu me transformava em uma menina super poderosa, em uma personagem de ação ou que fazia parte de uma agência secreta com jatinho particular. Por vezes virava uma professora, com meus ursos enfileirados em cima da cama me ouvindo falar por horas. Havia dias em que era uma arquiteta, e passava a tarde inteira desenhando casas e cômodos que gostaria de habitar. Também tinha os momentos de ser uma estilista, e desenhar vestidos fabulosos que nunca saíram do papel. Minha imaginação voava tão longe quanto minha criatividade.

Ainda há toda a sensação prazerosa de comer um chocolate e se sujar por inteiro. Ficar com um bigode de leite e se sentir um poderoso chefão, mesmo sendo uma menininha. Correr e tropeçar nos próprios pés, fazendo um estrago nas pernas e nas mãos. Não se preocupar em estar usando ou não maquiagem e muito menos no estado em que o cabelo se encontra. Não ligar muito para o tempo e fazer dele um melhor amigo. Aproveitar cada segundo como se fosse o último, e chorar compulsivamente quando perceber que acabou e que tem de ir embora do parque de diversões. Ah, a infância. Ainda não sei como conseguem esquecê-la e fingir que nada disso aconteceu, eu mal consigo deixá-la.

Se quer saber de uma coisa, todo mundo é uma eterna criança. "Quem sabe ainda sou uma garotinha, esperando ônibus da escola, sozinha, cansada com minhas meias três quartos, rezando baixo pelos cantos [...] Pois sou criança e não conheço a verdade. Eu sou poeta e não aprendi a amar", há quem diga que essa música tem suas entrelinhas, mas poucos as conhecem de fato, então a deixo por aqui, como quem vaga sentindo saudade. E se quer saber, ser criança é uma delícia.

Manias que só quem é leitor entende

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Há coisas que por mais que insistimos em tentar explicar, elas simplesmente são estranhas para quem não vivencia. Não há uma compreensão, porque somente você sabe o que aquilo significa. Falando desse jeito, até parece que estou tentando traduzir algum sentimento intenso, mas na verdade só estou comentando sobre as manias dos leitores compulsivos. Eu, por exemplo, tenho inúmeras delas que poucos acham comum, alguns chegam a me olhar estranho justamente por praticá-las, mas cá entre nós, tenho certeza absoluta que sou apenas uma no meio de diversas outras pessoas que fazem exatamente a mesma coisa.
Quando entrei no mundo da leitura, comecei a adquirir hábitos que tornam a experiência ainda mais mágica, e talvez até revoltante. Muitas vezes o livro deixa de ser somente uma história publicada e torna-se uma realidade, um portal aleatório para uma dimensão completamente diferente, e única. São manias bobas que transformam uma leitura qualquer em um passeio bidimensional para outra galáxia distante. Mas não é só isso não, há outras centenas de hábitos, manias, costumes, vícios que envolvem um leitor, por isso, na tentativa de trazer um post mais leve, me lembrei desse assunto que, por acaso, garanto que muito irão se identificar: alguns cacoetes que só quem é um leitor consegue entender.

Cheirar todos os livros novos

Não conheço uma única pessoa que não faça isso, até mesmo aquelas que não são muito chegadas em ler acabam por fazer. É impossível resistir ao cheirinho de livro novo que envolve o ambiente quando você o abre. Sem falar no toque, nas texturas, na forma como foi impresso, nas folhas que foram usadas e, principalmente, nas ilustrações que ainda estão com aquele cheirinho de tinta. Por vezes, até na livraria você encontra alguém que faz isso, e fica se segurando para não fazer o mesmo na frente de todo mundo. É algo meio íntimo.

Comprar mais livros do que consegue ler

Quem nunca? Por mais que você tente se controlar, que a sua economia precise prevalecer, que sua estante não caiba mais nenhum exemplar ou que o seu tempo está tão escasso que não consegue mais nem respirar, você vai dar um jeitinho de comprar um livro novo e ficar naquele eterno drama de que tem mais livros do que realmente consegue parar para lê-los. E é claro que na primeira oportunidade vai carregá-los para todo canto na tentativa de encaixá-los em um tempinho extra que tiver, mesmo que não o tenha.

Se decepcionar com as adaptações

Outro quesito que é muito complicado de não ser verdade. Poucas são as adaptações que fazem jus ao livro em que foi baseado, então aqueles que o leram ficam com uma decepção enorme, não por não estar exatamente como na obra escrita, mas sim por não se encaixar com todo o contexto que imaginamos na nossa cabeça quando o absorvermos. Fica aquela sensação de vazio absurdo que o filme nos proporciona. Mas sim, existem exceções.

Ter um personagem como melhor amigo

Sou uma pessoa que se apega muito aos personagens dos livros que leio. Sempre existem aqueles que são tão parecidos com sua personalidade, que a vontade que tem é de transformá-los em pessoas reais e fazer com que vocês se tornem melhores amigos, talvez até de algum outro personagem também. Seja através dos diálogos, das atitudes ou dos comportamentos involuntários no decorrer das histórias, há sempre a possibilidade de se identificar com algum deles.

Vivenciar cada capítulo

Nós não só lemos cada frase, cada palavrinha, cada diálogo, mas também fazemos toda uma encenação na nossa mente, todo um contexto, toda uma história fantasiada, com a aparência e a presença de cada personagem e cada elemento indispensável do livro, onde até mesmo as vozes são pensadas com cuidado. Por vezes até a sensação de estarmos vivendo aquilo se torna real, e então ficamos em um abismo entre a realidade e a fantasia, onde certamente preferimos nos afundar em cada capítulo diferente.

Ter pavor de emprestá-los à qualquer um

Tem coisa pior do que emprestar seu amado livro para alguém e ele retornar com a capa toda arranhada ou riscada? Com as folhas mal cuidadas? Com amassados nas pontas? Com a orelha toda desconfigurada? Não tem. Um livro para um leitor é como um filho. Há todo um cuidado especial, um ritual de armazenamento, um ciúme excessivo que é quase impossível de perder. Da última vez em que emprestei um livro, até mesmo a lombada estava rasgada. Nunca mais.

Querer ler o livro antes de assistir ao filme

Ler a obra escrita antes de parar para assistir ao filme é algo que tenho relevado ultimamente, afinal, são tantos livros e filmes sendo lançados que é impossível acompanhar tudo, mas tenho muito o costume de querer ler antes de assistir, reparar nos mínimos detalhes que passaram despercebidos, nas cenas que foram cortadas, na aparência e descrição dos personagens. Todo leitor tem um pouco dessa mania, até porque, assim conseguimos ter uma ideia do quão bom ou quão ruim ficou a adaptação.

Fazer caras e bocas com os diálogos

E por último, o eterno drama de se ler um livro em público por causa das inúmeras caretas que fazemos sem perceber. Em um momento mais feliz da história, rimos junto do personagem. Em uma morte inesperada, entramos em luto também. Nas decepções, ficamos confusos ou irritados com o que tal pessoa fez com tal pessoa. Entre sorrisos, choros e nariz franzido, nos deparamos com alguém nos encarando seriamente como quem diz "você está bem?". Quem dera poder dizer "estou ótima, mas fiquei com raiva de fulano, ele não tinha o direito".

Pesadelos ilustrados

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Ter pesadelos não é necessariamente uma coisa legal, eu, por exemplo, tenho um pavor absurdo dos meus sonhos malignos, um é pior do que o outro e na maioria das vezes possuem elementos e seres que não fazem sentido algum com a realidade. Alguns dizem que grande parte dos pesadelos que temos são avisos de que algo está errado, outros já preferem acreditar que esses sonhos são apenas uma junção de toda a correria e indisposição que acumulamos durante o dia. Ainda não sei em qual das duas versões confiar, afinal, nunca tenho histórias que pareçam reais para contar por aí. 
Entre ficar com a realidade aumentada de um pesadelo e colocá-la em um papel de forma positiva, o artista japonês Ryohei Hase, optou por transformar cada um de seus sonhos em ilustrações inquietantes. Cada uma das figuras criadas faz parte de alguma lembrança que possui ao acordar. Todas giram em torno de ambientes escuros e mórbidos, juntamente com objetos e seres que fazem das obras um verdadeiro conjunto de surrealidade. Apesar da estranheza, as ilustrações são uma forma que o artista encontrou para se libertar da sensação ruim causada pela noite mal dormida.
Mesmo sendo imagens incômodas e angustiantes, cada uma delas possui uma história por trás dentro de algum contexto em que foi imaginada. São ilustrações curiosas que chamam a atenção de quem quer se que seja pelo simples fato de não serem comuns. Não é igual e nem parecido com nada já visto. Os pesadelos possuem uma atribuição de importância única em cada obra do artista, por vezes, até mesmo os sonhos bons são retratados, como é o caso das coelhinhas sensuais. Enfim, de qualquer maneira, queria compartilhar tais ilustrações, não somente pelo que significam, mas por terem me impactado até certo ponto, me fazendo entrar no mundo em que Ryohei fez questão de retratar.

E a positividade? Por onde anda?

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Positividade, segundo o dicionário, é uma qualidade ou uma característica daquilo que é positivo. Uma condição de uma pessoa que demonstra otimismo. É sinônimo de confiança, de esperança e de fé. Considera-se o lado bom da vida e de tudo que está ao seu redor. Segundo a minha visão, a positividade é simplesmente o ato de viver com pequenas aberturas para que as coisas sigam seu fluxo da melhor maneira possível. Você se abre para o mundo e deixa que ele te mostre aquilo que jamais imaginou poder ver. Apesar de parecer modinha essa coisa toda de paz e amor, a vida requer muito de cada um de nós. Vivemos cerca de 80 anos, quem sabe 100 para quem tiver sorte, e a medida em que vamos crescendo, começamos a vivenciar comportamentos extremamente inválidos que nos colocam no chão. Comportamentos esses que nos tiram todo o colorido do mundo. 
Sabe aquela coisa de ir levando? É o que a maioria dos indivíduos fazem. Se está ruim, então que fique ruim. Se está triste, então que permaneça triste. Se está feliz, não, espere, nunca esteja feliz. O mínimo sinal de felicidade alheia é motivo suficiente para acabarem com ela. Exterminá-la. Ironias à parte, somos cercados de pessoas negativas, e elas nos afetam diretamente sob qualquer circunstância. Praticar a positividade é um exercício que deve ser levado a sério diariamente. Não deu certo hoje, mas e amanhã? Não é um novo dia? Fiz questão de listar algumas atitudes, pequenas até, que podem mudar tudo. Não só nós percebemos isso, mas as pessoas ao nosso redor também.

Ao final do dia, lembre-se das coisas boas que aconteceram

Parece besteira, mas com o decorrer do dia, inúmeros fatores fazem com que a gente perca o equilíbrio. Ficamos com a sensação de que tudo deu errado, de que acordamos com o pé esquerdo e que tem sido assim durante uma vida inteira. Seja uma briga, uma discussão, uma atitude hipócrita, um egoísmo, um mal comportamento e outras centenas de opções que nos colocam para baixo. A solução? Tirar cinco minutos no final do dia para rever tudo que aconteceu, e ter a certeza de que realmente deu tudo errado ou se nós é que não enxergamos mais o que está certo. E aquela notícia boa que recebeu? E a risada frouxa que deu durante o almoço? E o telefonema de alguém especial? Não valem nada?

Sorria mais, para quem quer que seja

Carregamos conosco um pouco de egoísmo. Aquele que nos impede de sorrir para um estranho no meio da rua, para o atendente que fez seu café na cafeteria, para o porteiro do seu prédio. Um pouco de medo misturado com antipatia e mal humor, que por acaso é de praxe. Sabe de uma coisa? Um sorriso seu para quem quer que seja, pode mudar o dia inteiro dessa pessoa, mesmo que não seja recíproco, mesmo que ela não lhe devolva, afinal, ela tem tanto medo quanto você. Cada dia é um dia, uma nova chance de começar com o pé direito. 

Não dê ouvidos o lado negativo

Há dias em que nossa vontade é de simplesmente sumir, fingir que não existe, que o mundo é uma furada e que você não tem nem coração e nem cabeça para aguentar tudo isso. É justamente em dias assim que é necessário colocar tudo em ordem e tentar abrir caminho para o que é bom. Perdoar o próximo ou a si mesmo, se afastar de pequenos atos contagiosos que não valem nada, tentar esquecer o mal que foi feito ou recebido. Itens mínimos que podem fazer você se sentir como uma pluma, leve e flutuante. Guardar rancor, mágoas ou o que quer que exista desse gênero, é a pior escolha que se pode ter. Não fique, em hipótese alguma, alimentando aquela raivinha que fica guardada o fundo do peito. Liberte-se dela e veja o quanto é bom só ter coisas boas guardadas.

Não seja o problema, ele não é parte de você

Que todos possuem problemas isso é um fato, e talvez muitos me digam que estou errada nesse quesito por entenderem o quão complicado é dar ouvidos ao coração quando tudo está desabando, mas vou me permitir escrever mesmo assim. Você não é o problema, ele é apenas uma parte de toda essa negatividade que nos cerca. É claro que isso irá bater em nossa porta um dia, quer queiramos ou não, e vai acabar com boa parte do que compreendemos sobre a felicidade, mas é aí que entra as suas atitudes. Em alguns casos, nossa única opção é torcer para que dê tudo certo no final, e se você tem esse pensamento bem firme em mente, vai perceber que realmente dá certo. E se tiver a oportunidade de fazer algo para mudar o destino, que faça, por mais complicado que seja.

Espalhe energias positivas por aí

De nada adianta ter uma mente sã, e viver rodeado de pessoas que só se apegam ao descaso. Inspire e motive essas pessoas. Compartilhe de sentimentos que podem mudar um mundo inteiro. Faça o dia de alguém ser melhor, mesmo que o seu não esteja tão bom assim. Abra um sorriso de vez em quando para quem te admira. Dê valor aqueles que, por mais complicado que esteja sendo o momento, não encaram como um peso, mas como um aprendizado. Aprenda a ver seus problemas como lições que você precisa urgentemente entender. Dê um bom dia, boa tarde e boa noite. Dê uma abraço apertado para transmitir aquela energia gostosa. E se, no final de tudo isso o seu pensamento ainda estiver intacto, comece a mudar por si mesmo, porque o negativismo não nos leva a lugar algum.
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